Pala é um
substantivo feminino que, na língua portuguesa, tem vários significados.
Nomeadamente, e só para elencar um exemplo, refere-se a uma porção de tecido que
é utilizada para tapar, totalmente ou parcialmente, a visão de uma
pessoa ou animal, normalmente, mamíferos da família dos equídeos, menos
corpulentos que os cavalos, embora com orelhas mais compridas.
Curiosamente,
pala é, ainda, uma expressão que, na gíria popular, significa: mentira, peta,
embuste, invenção, engano…
Ora,
assim sendo, não há palavra que melhor descreva as reacções e comportamentos
registados, após as eliminações do Porto e do Sporting na Taça da Liga (vulgo,
cerveja ou Lucílio Baptista para os simpatizantes do Porto e Sporting), do que
o vocábulo pala.
Senão
vejamos:
1. O caso do Porto
O Futebol
Clube do Porto foi eliminado, depois de ter conquistado, apenas, dois pontos
nas primeiras jornadas da competição. Fruto de dois empates caseiros com o
Belenenses e o Feirense. Consequentemente, teria de vencer na última jornada
desta fase, o Moreirense fora de casa.
Ora, eu se fosse adepto e sócio do Porto,
ficaria chateado e apreensivo, primeiramente, com os jogadores, equipa técnica
e direcção. Por não ter sido possível vencer dois jogos em casa, contra
equipas, imensuravelmente, pior apetrechadas. Sentimento que aumentaria, se num
desses jogos, a minha equipa tivesse jogado mais de quarenta e cinco minutos em
superioridade numérica.
Ao contrário
do que seria expectável, atendendo à diferença de orçamentos, a eliminação
ocorreu após a equipa do Porto ter perdido por um golo de diferença, autoria do
jovem emprestado pelo Sporting Clube de Portugal, Francisco Geraldes, aos 49
minutos de jogo.
Contudo, mesmo
depois de três jogos miseráveis, contra equipas com menos argumentos, dois
deles no seu próprio estádio e um deles em superioridade numérica, os seus
responsáveis e representantes, oficiais e oficiosos, colocam a responsabilidade
do sucedido na arbitragem, supostamente controlada pelo Sport Lisboa e Benfica.
O que
despoleta a revolta é a expulsão de Danilo, aos 80 minutos de jogo. Vamos
partir do princípio que de facto, o jogador não teve qualquer responsabilidade
no embate com o árbitro e também que não teve nenhuma afirmação ou comentário
grave e lesivo. Nesse momento, com dez minutos de jogo, o Porto, depois de 260
minutos paupérrimos na competição, teria de dar a volta ao jogo, teria de
vencer. Mesmo considerando que existiu erro nesse lance (a expulsão do Brahimi,
essa então, é claríssima) existe alguma razoabilidade em considerar que foi a
arbitragem a responsável pela eliminação do clube?
http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=5215022
Esta deveria
ser a questão que os sócios e simpatizantes do Porto têm de autocriticamente
responder. Eu confesso que se fosse adepto estaria apreensivo com vários
factores internos de planeamento da época e não com a arbitragem.
Estava
preocupado com a quantidade de dinheiro que foi gasta, nas últimas duas épocas,
em avançados sem qualidade para representar o clube: Adrian Lopez, Marega, Suk
e Depoitre. Para depois concluir que, as melhores alternativas eram dois miúdos
da formação e outro da formação do Paços de Ferreira.
Ficaria
apoquentado por perceber que, não obstante, as tremendas limitações do plantel
da época transacta, a contratação mais cara para a presente época foi um
lateral esquerdo, com o intuito de concorrer com Layun. Apenas, o melhor
jogador do Porto na temporada de 2015/2016.
E estava
alarmado, por perceber que temos no nosso plantel o atleta com maior salário do
futebol português e que este “jovem” de 35 anos, nem de perto, nem de longe
comporta uma mais valia que se correlacione com o seu custo mensal.
E, nem sequer,
vou entrar nas arrelias que teria por ver uma estrutura, envelhecida, amorfa e
com os bolsos bem cheios, que é representada pelo “chefe” da guarda pretoriana.
2 2. O
caso do Sporting
A eliminação
do nosso rival histórico também foi imputada a erros da arbitragem. Mas será
que assim foi?
Vamos analisar
friamente os factos. O Sporting, ao contrário do Porto, venceu os seus dois
jogos em casa. Contra Arouca e contra o Varzim, emblema que milita no segundo
escalão do futebol nacional. No entanto, estas vitórias foram o cumprimento dos
serviços mínimos, pois, foram ambas por 1 – 0.
Face a estes
resultados que não se coadunam com a diferença de meios entre os clubes. O
Sporting teria de pontuar na última jornada com o Setúbal, que tinha três
pontos conquistados. Caso o Setúbal vencesse teriam de ser considerados os
critérios de desempate: os golos e, posteriormente, as médias de idade.
Face aos
resultados pela margem mínima registados em Alvalade (uma contra uma equipa do
segundo escalão do futebol nacional), o Setúbal fez o trabalho de casa e entrou
em campo com uma equipa que lhe permitia estar em vantagem sobre o Sporting,
relativamente ao critério que podiam controlar (as médias de idade). E, asseguraram
a passagem através da vitória pela margem mínima.
Ora, a história
é a que se conhece. Mesmo considerando que não havia motivos para grande
penalidade (à la Abel Xavier em 2000), perante estes factos, será que são os
árbitros a causa para a debacle nesta competição?
Eu estaria
descontente por compreender que a estrutura e equipa técnica do Setúbal, pensou
efectivamente nos regulamentos e antes da bola começar a rolar já estava em
vantagem.
Eu, se fosse
adepto do Sporting, estaria desolado por perceber que foram contratados vários
jogadores “feitos”, que não têm a qualidade dos jovens da formação, que estão
emprestados e a brilhar, como o caso do Francisco Geraldes e que um onze sem os
titulares habituais não está capacitado para, em Alvalade, ganhar por mais de
um golo contra equipas da Liga Ledman. E que, a utilização desses jovens
cedidos permitiria, na pior das hipóteses, a passagem à próxima fase…
Concluindo, se eu fosse sócio ou adepto dos nossos rivais libertava-me das palas que são colocadas
por pessoas que são remuneradas e retiram proveitos, bem acima da média
nacional, fruto da sua ligação profissional a esses emblemas. E, usam o amor dos adeptos às instituições para os tratarem como meros equídeos.
Porque essas
palas que não são mais do que tentativas (até ver, bem sucedidas) de mascarar
os seus próprios erros, com o mero intuito de lhes possibilitar continuarem a
viver à conta dos clubes e não para os clubes.
Mas como sou
sócio do Sport Lisboa e Benfica estou mais descansado. Pois, diariamente vislumbro
passos de competência e profissionalismo. Vejo um clube tricampeão, ainda em todas as
frentes e a depender apenas dele para uma conquista histórica: o tetra. E,
curiosamente, já a preparar atempadamente o penta, com a contratação de
jogadores para posições cirúrgicas destinados a substituir, caso seja
necessário, os nossos atletas que fruto dos resultados, da prospecção e
formação do clube irão ser transferidos a breve trecho por milhões de euros.
Claro que,
poderemos voltar a perder, até mesmo esta época desportiva. Mas é indubitável,
que estamos mais perto da vitória do que os nossos rivais. E, por muito que
isso custe, o sustentáculo do sucesso do Sport Lisboa e Benfica é o
planeamento, a competência e o profissionalismo e não factores externos como a
arbitragem.