quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

"Qualquer treinador que vá para o Benfica, arrisca-se sempre a ser campeão."


Esta frase foi proferida pelo grande Mário Wilson, na década de 70. De facto, entre 1960 e 1979, Sport Lisboa e Benfica sagrou-se campeão por treze ocasiões. Sendo um total dominador do futebol português e do futebol internacional.
A actual Direcção convenceu-se, após os últimos seis anos, porque o Benfica voltou a ser o clube mais vitorioso em Portugal e com melhores resultados nas competições europeias (duas finais, uma meia-final e dois quartos-de-final), que a máxima introduzida pelo primeiro treinador português a vencer um campeonato pelo Benfica, na época de 75-76, seria novamente uma realidade.



 Hoje duvido que exista alguém na Direcção que não perceba que essa presunção foi um erro e não assuma, pelo menos, internamente que foi apressada. Não obstante, o trabalho brilhante em termos de infraestruturas, em termos da formação, nas modalidades e a maximização das receitas que são ímpares no nosso País e que sem dúvida permitem olhar para o panorama nacional e compreender que somos o clube com mais possibilidades e condições para voltar a dominar o futebol português, todos estes factores não são, por si, garantia de resultados e de títulos.
Num País dividido, desportivamente, entre benfiquistas e anti-benfiquistas, com três jornais desportivos e com programas opinativos sobre desporto a ritmo diário, vencer um campeonato pelo Benfica é dificílimo, porque é muito mais fácil errar, ainda que inconscientemente, a favor dos nossos rivais do que a nosso favor. Por vezes, basta criar uma mera aparência de favorecimento ao Benfica, para que a mesma goze de um mediatismo e de um tempo de antena, susceptível de condicionar as "pessoas certas" e de influenciar os mais incautos. Veja-se a nuvem de fumo, criada pela caixa do Eusébio (que, por sinal, continua a ser vendida a um ritmo impressionante, muito obrigado! E atenção que, se aproxima o Natal, e os anti-benfiquistas vão adorar receber uma, para brincarem com ela e sentirem-se os maiores nas "conversas de café. Por isso, façam-lhes a vontade).


Analisemos, também, as vitórias nos últimos quatro campeonatos e o que foi dito e repetido pelos anti-benfiquistas, nos seus “púlpitos” semanais, para percebermos o que digo:

2004 – 2005 – Como vencemos? “Estorilgate! Por causa, do jogo com o Estoril no estádio do Algarve.” Algo que, vemos comummente acontecer em Portugal, sobretudo desde 2004, fruto da construção dos estádios que foram construídos para o Euro e que, quer queiramos quer não, é uma opção perfeitamente racional por parte das Direcções dos clubes mais pequenos.

2009 – 2010 – Como vencemos? “Graças, ao caso do túnel da Luz.” Ou seja, o castigo de atletas do Porto, que pelos mesmos factos foram condenados nos tribunais judiciais.

2013 – 2014 e 2014 – 2015 – Como vencemos? “Devido ao apoio da arbitragem, o colinho." Ou seja, como não existe nenhum facto ou erro escandaloso em nosso benefício, criou-se essa figura indeterminada sem qualquer substância material. Uma coisa posso garantir, nós nunca vencemos um campeonato fruto de um golo marcado em posição irregular no jogo decisivo ou com uma falta cometida fora da área, transformada em penalty, na última jornada, que para tornar as coisas mais interessantes, foi disputada contra um clube, cujo treinador e melhor jogador estavam contratados para a época seguinte e que iria jogar as competições europeias no nosso estádio…
Conclusão, nós nunca vencemos com mérito! Basta, ainda, verificarmos o “barulho” que surge sempre que existe um erro de arbitragem que nos favorece, em comparação com os erros que beneficiam os nossos rivais. Ainda esta semana, atente-se ao silêncio do Sporting, acerca dos erros cometidos por Jorge Sousa no domingo e na segunda-feira e o silêncio do Porto acerca dos erros que beneficiaram o Sporting, pelo menos contra o Tondela, o Estoril e o Arouca. Será que assistiríamos a este silêncio se tais lances favorecessem o Benfica? (A esta nem respondo, porque é uma pergunta de retórica).

http://hojenaoquejogaobenfica.blogspot.pt/2015/12/marcano-e-jorge-sousa-apresentam-dois.html

Esta é a realidade que nos permite ser o clube que reúne mais atenção mediática e que nos possibilita negócios como o da NOS. Pois, uns querem ver e vibrar com as vitórias e outros têm de estar sempre informados, ao detalhe, para analisar e escalpelizar os nossos sucessos ou vibrarem com os nossos insucessos.
Uma coisa é certa, em treze jogos deste campeonato, o brocardo popular, de que “os clubes grandes são sempre os mais beneficiados no campeonato” não se aplica ao Benfica. Não nos podem acusar de ter qualquer ponto a mais ou imerecido. E, ainda bem, porque sou a favor de uma Liga com o mínimo de erros e porque sei que, basta um jogo para que os anti-benfiquistas façam disso um cavalo de batalha e o estandarte de uma conspiração que tem como intuito tornar o Benfica tricampeão.



Relativamente, ao Rui Vitória não embarco nas críticas que põem em causa a sua competência, enquanto treinador e profissional. Uma coisa é ser um mau profissional, outra, completamente diferente é estar preparado para desempenhar a profissão sob todas as condições. Rui Vitória tem de ser um bom treinador de futebol. Caso contrário, não teria conseguido subir a pulso e com resultados (subidas de divisão, conquista da taça de portugal e qualificações para as competições europeias com uma equipa com orçamento baixíssimo e pejada de jovens) e, já este ano, com a qualificação para os oitavos de final da Champions. No entanto, a análise pessoal que faço é que, possivelmente, não estava preparado para assumir a responsabilidade de ser treinador do maior clube português e os desafios daí decorrentes que têm de ser superados, de forma que se possa conquistar uma prova de consistência, como é o campeonato. De nada serve termos o melhor ataque do campeonato e depois ficar em branco em vários desafios…
As dificuldades irrefragáveis da equipa nos jogos com equipas que jogam muito fechadas e que recorrem ao anti-jogo, algo que é recorrente no futebol português e, infelizmente, demasiado valorizado, são por demais evidentes. A derrota com o Arouca, o empate com a União e, por exemplo, a vitória suadíssima contra o Moreirense ilustram essas dificuldades. Este é um “problema” que o Rui Vitória e sua equipa técnica nunca tinham enfrentado nas suas carreiras, que acresce à pressão de vencer todos os jogos e de substituir um treinador com grandes competências técnicas, que vinha da conquista do bicampeonato e, que para piorar (algo que, não foi previsto pela Direcção) foi para o nosso rival, facto que tem como consequência a inevitabilidade das comparações. Paulo Fonseca, que agora novamente é elogiadíssimo, também falhou no Porto em condições similares. Falta de qualidade? Não. Impreparação para o desafio que lhe foi colocado? Naquele momento, sim.


Rui Vitória tem de aprender, evoluir e encontrar soluções rápidas para superar estes desafios, a sua continuidade no Benfica depende disso. O seu antecessor esteve três anos consecutivos sem ganhar o campeonato, mas manteve-se no seu posto, porque, apesar do insucesso nessas épocas (sempre possível em desporto), era visível que o desfecho poderia ter sido diferente. A qualidade demonstrada permitiu-lhe ganhar esse tempo e terminar um ciclo de forma vitoriosa, assente nas condições que o clube lhe proporcionou. O tempo conquista-se e o de Rui Vitória irá esgotar-se, com muita pena minha, se o que aconteceu com a União da Madeira ocorrer mais vezes até ao final da época.

A conclusão que retiro é a seguinte, infelizmente, nem todos os treinadores que vão para o Benfica, arriscam-se, para já, a ser campeões, mas, a caminhada do Jesus no Sporting demonstra também as razões que levaram a Direcção a mudar de rumo. É um grande treinador para o campeonato nacional, mas a luta pelo título de campeão tem custos muito altos, não conseguiu aceder à fase de grupos da Champions (algo que dificultou e muito o projecto do seu actual clube, apesar de ninguém o admitir para já), passou por dificuldades no grupo na Liga Europa (fase da competição que, por exemplo, para o Sporting de Braga foi um passeio e com uma derrota por 3- 0, "patrocinada" por um colosso albanês), mais uma vez, foi eliminado nos oitavos-de-final da taça e, novamente, pelo seu némesis o Braga e continua com uma dificuldade em aproveitar os jovens talentos dos clubes, veja-se que o Sporting pedia 10 milhões de euros pelo Carlos Mané e que Tobias Figueiredo era titular da equipa A e que estes, neste momento, nem sequer são opção, e a aposta em Gelson e Matheus, apenas ocorre por absoluta necessidade, caso tivesse Carrillo tudo seria diferente e, a partir de Janeiro, com Bruno César e Schelloto a utilização dos dois jovens irá diminuir drasticamente.
Não tenho dúvidas que Jesus é um grande treinador e que estaríamos melhor, esta época, no campeonato com ele ao leme da equipa, mas, uma coisa é certa, pode não ser fácil, mas é possível encontrarmos treinador melhor tecnicamente e com maior capacidade para potenciar o novo paradigma do clube, sem que haja sacrifício dos resultados. Afinal, mesmo quando estava no Benfica, vários treinadores foram capazes de lhe proporcionar brilhantes banhos tácticos…



P.S: Infelizmente, a máxima que se aplicava ao Benfica nos anos 70, actualmente, com foi apanágio nas últimas décadas, continua a aplicar-se ao Porto. Só assim se explica, que o Lopetegui, que nem já os próprios adeptos ilude, se arrisque a ser campeão.





Se bem que, alguém que considera não ser afortunado nos sorteios, depois jogar com o Varzim, o Angrense e o Feirense para a taça de Portugal, também tem toda a legitimidade para considerar que o Porto é uma vítima das arbitragens e que essa é a génese do seu insucesso...

6 comentários:

  1. excelente post. Concordo com tudo.

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  2. MOURINHO MOURINHO MOURINHO MOURINHO MOURINHO MOURINHO MOURINHO
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  3. muito soft com o Derrota ele não tem categoria

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  4. peço desculpa, mas julgo que vitória já teve demasiado tempo para apresentar algum futebol. neste momento alguém sabe qual o 11 do Benfica? qual a estrutura tática que é trabalhada e aplicada nos jogos? depois de jornadas com cruzamentos à maluca, agora é tudo pelo meio e fé num chouriço! reconheço-lhe qualidade, mas não a suficiente para treinar o Benfica e pelo que mostrou, creio que não será capaz de nos dar mais do que isto... que é nada!

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  5. Esta época serve de lição para o Vieira

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