quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Análise do R&C e o futuro do Benfica


«O Futuro é hoje.»
Chegámos a um ponto fulcral da existência do nosso clube. Gostava que percebessem o que vejo no R&C e me transparece da realidade actual.

Comecemos pela gestão dos clubes rivais. O Sporting já é quase um morto-vivo, e vai demorar vários anos a recuperar (isto se entretanto não tomarem o rumo de um Rangers ou uma Fiorentina). Já poucos têm dúvidas que a solução terá de ser um investidor externo, isto se ele existir.

O modelo de Gestão do Porto começa a dar sinais de fadiga. Surgiram notícias de atrasos nos pagamentos dos salários, foram “obrigados” a vender o Hulk à pressa, fecharam a secção de Basket, e parece que, apesar de ainda existir fruta para distribuir, alguns jogadores das modalidades não têm para comer.

Mas mais importante é analisar a situação actual da Benfica SAD. Estamos folgados? Claro que não. Ainda assim, e apesar de tudo, há indícios que poderemos sair melhor da crise, e recuperar (alguma da) hegemonia.

Comecemos pelas (muito) más notícias que recebemos recentemente: estamos em falência técnica e temos um resultado líquido negativo de 11,7M€. Isto é um lugar-comum nas SADs e infelizmente também tem sido hábito na nossa.

Contudo, este valor esconde um aspecto muito relevante: os resultados operacionais da SAD consolidada, que foram positivos nos últimos dois anos. Isto é, excluindo os resultados financeiros, a actividade da Benfica SAD é lucrativa. Como se já não soubéssemos, isto só mostra a importância de baixarmos o passivo financeiro.

É nesse sentido que a venda do Witsel e do Javi Garcia foi fulcral. De acordo com o R&C, a venda destes, juntamente com o Emerson, Capdevilla e Yarley rendeu, no total, 63,6 M€. Considerando o valor contabilístico dos jogadores, mecanismo de solidariedade, algumas comissões e percentagens de passes que o clube não possuía, diria que o lucro da venda destes jogadores deverá rondar os 45 M€, ao que acresce 1,9 M€ obtidos em empréstimos de jogadores. Relembrando que os proveitos com transacções de passes de atletas de 2011/2012 foi de 28,9 M€, teríamos, como uma execução igual à de 2011/12, um resultado líquido de, aproximadamente, 5 M€, que até poderia ser superior, já que a amortização dos passes tende a baixar.

Isto em comparação com as compras, até ao momento, relativamente baixas, a rondar os 16,7 M€ (Sálvio + Lima, etc) de onde, diz-se, parte do Sálvio resultaria de créditos que a SAD tinha junto do Atl. Madrid. Juntando o facto de ter sido vendido a um fundo 80% do passe de Ola John, parece-me que existe uma estratégia clara de diminuição do passivo oneroso da SAD, com o objectivo de diminuir o serviço da dívida. Aliás, é evidente essa preocupação no R&C, e transparece, por exemplo, na taxa de juro de 10,35% uma operação de factoring (antecipação dos valores das transferências do Di Maria, D. Luiz e Coentrão), que pretende-se eliminada já no final do exercício deste ano. Neste sentido, 20 M€ de factoring serão pagos, o que nos permitirá diminuir custos de financiamento e passivo (e naturalmente, activo).

Não é de mais relevar a importância de estarmos precavidos financeiramente, não só por causa do serviço da dívida, como para nos protegermos de episódios contingenciais, como a actual crise... ou, nem assim tão hipoteticamente, imaginem que o Sporting ia à falência... com certeza que os bancos nos iriam aumentar juros! :)

Deverá ser tentado o rollover dos empréstimos obrigacionistas, e não me parece que o Benfica tenha grandes dificuldades em consegui-lo. A taxa pode subir, mas, aparentemente, a febre da oferta de obrigações já passou um pouco, o que torna mais fácil a colocação das mesmas. E é preciso relembrar que é fundamental investir no meio-campo no mercado de inverno, para nos permitir ser competitivos neste campeonato. Isto leva-me à frase inicial: o futuro é hoje!

Financeiramente (para além de desportivamente, onde é premente) é muitíssimo importante sermos campeões, até mais que passarmos à próxima fase da Champions:
  • As receitas de bilheteira em 2009/10, quando campeões e sem Champions, foi 3 M€ superior ao ano passado
  • Permite-nos lançar (caso seja essa a escolha) os direitos televisivos na BenficaTV. Neste momento as receitas de direitos televisivos andam à volta dos 8,5 M€, enquanto as do Porto neste exercício, por exemplo, vão nos 12,3 M€. Sem grande reflexão e sem saber o modelo a adoptar, eu acredito que, se considerarmos uma BenficaTV com uma mensalidade de 10€ e alcançando 200.000 assinantes, descontando o IVA e custos de operação, fazendo um acordo com a MEO, por exemplo, e vendendo os direitos para outros países (claro que com um poder negocial mais frágil), conseguiríamos 20M€ de receitas televisivas, o que é claramente um valor apetecível, a juntar ao facto de nos livrarmos do dejecto que é a Olivedesportos, de quem nenhum benfiquista gosta.
    Acho que o que perderíamos em aumento do risco e possível receita, ganharíamos na possibilidade de crescimento da BenficaTV, uma maior ligação com os adeptos, incluíndo no estrangeiro, e no ataque ao “sistema”.
  • Campeões e com a final da Champions de 2013/14 na Luz, é a altura ideal para negociar o naming do estádio. Tendo em conta que o estádio Axa vale 1M€/ano e que o Emirates valerá 8M€/ano (em 15 anos), acredito que fosse possível um valor médio da ordem dos 4-5 M€/ano.

Outro aspecto em que existiu demasiada ilusão desta direcção, mas que, aparentemente, está a ser cuidado, são os custos com pessoal. Em 2009/10 (campeões) os mesmos foram 38,2 M€, enquanto, actualmente, são 48,1 M€. Contudo, pelas declarações dos dirigentes, e pela cedência de jogadores como o Saviola, parece-me que a prespectiva é de inversão. É importantíssimo diminuir o número de jogadores com contrato e, consequentemente, a massa salarial.


Façamos um exercício hipotético. Consideremos as contas de 2011/12 com as seguintes alterações:
  • As receitas de bilheteira iguais às ultimas do Benfica campeão
  • Menos 3M€ de receita de prémios de Champions, equivalente a chegar aos oitavos-de-final, e não aos quartos-de-final
  • Naming do estádio vendido em termos médios por 5 M€/ano
  • Massa salarial em valores de 2010/11 - 42,3 M€/ano, mas superiores à época em que fomos campeões.
  • A BenficaTV a render 20M€/ano
  • O valor das vendas de jogadores igual à amortização dos seus passes
  • Diminuição do serviço da dívida pela amortização de alguns factorings e outros empréstimos, diminuindo de 17 M€ para 15 M€
  • Cachets de jogos a 1,0 M€ (2010 – 2M€; 2011 – 2,2 M€; 2012 – 0,3 M€ )

(Não sendo optimista em cada um deles, sei que estou a ser algo optimista ao conjugá-los todos. Mas acredito que uma boa gestão é possível!)

O resultado desde conjunto de hipóteses, que não me parece ser muito difícil de alcançar dentro de poucos anos, daria um resultado líquido à volta de 15 M€.

Iremos tomar este tipo de medidas orçamentais? O discurso indica que sim, e a evolução dos R&C também. Estaremos melhor preparados para enfrentar Porto e Sporting no futuro? Esta é a situação comparativas entre os três:


SL Benfica
FC Porto
Sporting CP
Resultados operacionais s/ transferências e amort. (% proveitos operac.)
7,6 (8%)
-19,2 (-26,6%)
-25,5 (-62,6%)
Resultados líquidos s/transf e amort.
-9,3
-28,7
-30,3
Resultados Vendas e Amortização de passes
-2,4
-7,2
-15,6
Resultado liquido global
-11,7
-35,9
-45,9
Competição
4ºf Champions
2º lugar Camp.
Principal venda – Coentrão
FG Champions
Campeão
Principal venda – Falcao
MF Liga Europa
2º lugar Camp.
Principal venda – SPF e João Pereira

Tendo em atenção que não são valores integralmente comparáveis, já que os perímetros orçamentais são diferentes, este quadro permite-nos ter uma ideia de que, a nível operacional, estamos melhor preparados que os rivais. E todos sabemos que numa altura de crise, e aí vindo as regras do “fair play financeiro”, mesmo com as manobras obscuras do nosso futebol, isto vai contar.

Se foi por ver estes números que o Vieira falou em 3+1+50, não sei. Agora, como alguém que criticou o Vieira desde 2005, tenho de admitir que, pela primeira vez desde que ele veio para o nosso clube, vejo um caminho traçado com coerência. Espero eu, e esperamos todos nós, que dê frutos!



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O fim-de-semana desportivo (futebolisticamente falando)


Acho que este foi o fim-de-semana dos acontecimentos pouco comuns. Vejamos então:
  • Esta é de borla, mas é coisa rara: o Sporting ganhou.
  • O Godinho Lopes fez uma visita com o Salvador ao museu do clube, supostamente para lhe dizer que o Sporting, e não o Braga, é o terceiro maior clube de Portugal. Por um lado espanta-me que assumam, como premissa inicial, que quer o Porto, quer, especialmente, aquele-cujo-nome-não-pode-ser-pronunciado, o Benfica, estejam a anos-luz deles. Não que não seja verdade, mas ver um sportinguista dar o braço a torcer é sempre de assinalar.
  • Depois, um dos argumentos utilizado foi que eram uma grande potência desportiva (e não futebolística) já que ganharam TRINTAAAAA e tal títulos na época passada. Parece que grandes grandes são o Sporting e o Samuel Massas. E vendo bem as coisas até acho que o Godinho vai, nas próximas eleições, anunciar o slogan 0+0+100. Lembrando que o LFV disse que para o Benfica são apenas  54 (3+1+50), acho que os adeptos vão adorar. É que há uma verdade imutável: um 23º lugar em ténis de mesa é um 23º lugar em ténis de mesa... Era vê-los todos no Marquês!
  • No caso do Porto, dizem que o destaque vai para o primeiro golo sofrido no Dragão em 8 meses, e para o facto do Jackson não ter marcado. A mim o que mais me espanta foi mesmo o golo do Moutinho... a marcar golos de fora da área? E eu a pensar que o rapaz nem tinha força para que os remates chegassem à baliza... Isto é quase tão estranho como ver um treinador dizer que perder é moralizador. Claro, é preciso fazer a ressalva que foi o Pedro Emanuel.
  • Já o Benfica marcou um golo de lançamento.

Agora é esperar por aquela potência mundial chamada Gabão? Naaaa, quero lá saber da selecção. Temos é de ganhar sexta-feira ao Moreirense para a Taça! CARREGA!



domingo, 11 de novembro de 2012

Pilas cagadas - Uma forma de estar em campo


O jogo de hoje é de importância fundamental. A corrupção joga em casa com a Académica e nós vamos ao terreno do 4º classificado, naquele que é, potencialmente, um dos 10 jogos mais difíceis de todo o campeonato.
Depende assim de nós, tornar este jogo fácil. Para isso, teremos que cumprir o desígnio de Jupp Heynckes e, tal como este referiu na sua curta passagem pelo Benfica (e como o Fenómeno muito bem se encarregou de relembrar no cabeçalho da página), jogar "com as pilas cagadas".
Porque se o fizermos, é sinal que estamos a subjugar impiedosamente o adversário. É a única forma de estar em campo possível hoje à noite. Rumo aos 3 pontos.



P.S.: Note-se que, ao contrário do que eu estou aqui a fazer, Jupp Heynckes não quis fazer qualquer alusão rasteira nas suas palavras.
O problema é que o sr. Heynckes tinha um problema com os "R"'s e por isso, aquilo que numa conferência em Espanha seria entendido como "pilhas carregadas", em Portugal saiu assim. E ainda bem. É a única coisa positiva que nos podemos lembrar dele.